quinta-feira, 21 de maio de 2009

HIPOCRISIA SOCIAL: O MAL NECESSÁRIO PARA UMA COVIVÊNCIA PACÍFICA ENTRE OS HOMENS

Talvez alguém estranhe a afirmação à seguir , mas é a pura verdade: Todos nós somos e devemos ser hipócritas para que haja paz entre os homens (e mulheres). Ora, não me venham com exclamações espantosas diante desta afirmação, afinal, se analisarem, com a frieza característica da racionalidade, o fato por trás das palavras, creio que me darão razão. A hipocrisia social é necessária para que haja paz, para uma convivência pacífica entre pais e filhos, entre irmãos, patrão e empregado, namorados, casais, sogras e genros, etc, possa existir de maneira saudável.
Afinal, podemos perceber a hipocrisia social nas pequenas coisas, como por exemplo, quando sua namorada aparece vestida com uma micro-saia, mais parecida com um cinto largo, para andar de moto com você. Se você fosse sincero e utilizasse bem as palavras, talvez dissesse: “Qual é? Trouxe a mini-saia e deixou a vergonha em casa?” Mas lembre-se que você é um hipócrita social e, para que haja paz na terra, você simplesmente diz: “Amor, essa roupa não está curta demais?” Talvez ela concorde com você e mude de roupa, talvez não e vai com ela mesmo, gerando o maior problema.
Ou, quem sabe, aquele chefe que adora solicitar planilhas e relatórios quando faltam dois minutos pra terminar seu expediente, numa sexta-feira. Ahh, se você não fosse um hipócrita social... com certeza, se ele pudesse ler e ver seus pensamentos naquele momento, ficaria surpreso com sua criatividade em bolar dezenas de maneira de matá-lo. Se ele sentisse um peso sobre os ombros não deveria se assustar, pois era apenas o peso de todas as maldições que você estava lançando sobre ele. Mas, então, o máximo que você faz é dizer: “Sim senhor, já vou providenciar”. E assim a paz reina (e você ainda mantém seu emprego).
Criança mal educada, então, é ótima para testar o quanto somos hipócritas sociais, ainda mais se for filho de algum dos seus amigos. Sabe aquele pirralho mimado, chato, reclamão, que mexe em tudo? Pois é, eu sei, eu sei... Claro que compartilho com você a idéia de levantar o moleque pelas orelhas numa tentativa de fazê-lo aprender algo numa fração de segundos de dor. Mas não vai adiantar. Primeiro porque os pais não o ensinaram a ter educação e não é você que vai abraçar essa missão. Segundo, porque você, como todos nós, é um hipócrita social, e para que a paz reine entre você e os pais do fedelho (que são seus amigos ou amigos da sua esposa) o máximo que sai dos seus lábios é um “Olha, que bonitinho...quebrando meus cristais.... ele não é fofinho?”.
Seria o mundo diferente se todos nós falássemos exatamente o que nos vem à mente nestas horas? Com certeza, sim. Porém, seria diferente de maneira negativa. Relacionamentos seriam rompidos, amizades desfeitas, raiva, ira, rancor. As pessoas se isolariam mais ainda uma das outras, com receio de se relacionar com os outros. Ao invés de construirmos pontes, faríamos paredes. Por isso precisamos ser hipócritas sociais, para mantermos as aparências e podermos conviver pacificamente.
Porém, existe alguém com o qual essa hipocrisia não funciona, pois, mesmo que nossas bocas falem algo, Ele escuta as palavras do nosso coração. Não adianta tentar esconder Dele um sentimento, um conceito, um pensamento ou desejo. Não adianta tentar dizer com palavras diferentes, ou ainda, utilizar uma “máscara social”.

“Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras o meu pensamento (...). Ainda a palavra não me chegou à boca e tu, Senhor, já a conheces toda (...). Para onde me ausentarei do teu espírito? Para onde fugirei da tua face?”
(Sl. 139:1,2,4,7)


Diante de Deus não precisamos (e nem podemos) ser hipócritas, afinal, Ele sabe todas as coisas. Ele lê nossos corações, nossas intenções, conhece nossos pensamentos, nossos sonhos, desejos, frustrações, alegrias e tristezas. Diante Dele estamos completamente nus.


“E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas”.
(Hb. 4:13)

Precisamos ser hipócritas sociais para mantermos a boa convivência, afinal, nem todos estão preparados para ouvir: “Nossa, essa sua roupa está ridícula”, ou coisas do gênero. Mas, diante do nosso Deus, podemos e devemos viver sem máscaras, sem bloqueios, pois Ele nos sonda e esquadrinha nossos corações. (Agora, espero que vocês botem em prática a hipocrisia social e digam que gostaram muito do texto... e eu também serei hipócrita e direi: “Imagina, escrevi rapidinho, nem gostei muito dele...”)

C.S.Brito 08.10.2007

quinta-feira, 14 de maio de 2009

AREIA NA CATRACA E NA CORRENTE


Lembro-me de uma época, não tão distante assim, quando eu ainda era uma criança, entrando na adolescência, quando ganhei minha primeira bicicleta como presente de natal. Foi uma festa, um sonho realizado. Certo dia, inventei de levar meu precioso presente de duas rodas à praia, pois queria mostrar para todo mundo a minha “bike”. O resultado daquele dia não foi muito bom. Ao retornar para casa percebi que a corrente e a catraca da bicicleta estavam cheias de areia misturada com a graxa e o óleo de lubrificação. Foi um terror, pois, quando eu começava a pedalar iniciavam os estalos frutos desta mistura, emperrando o movimento normal da engrenagem. Eu conseguia pedalar, mas com grandes dificuldades. E lá estava eu: Com uma linda bicicleta novinha em folha, mas que não desenvolvia da maneira esperada, porque estava cheia de areia na catraca e na corrente. Foi preciso retirar a corrente, desmontar a catraca, lavar tudo com óleo diesel e montar todas as peças novamente.
Existem crentes que possuem vidas mais ou menos como minha saudosa bicicleta: lindos externamente, mas que ainda não conseguiram se livrar das areias do passado nas correntes de suas vidas. São pessoas que já entregaram seus corações a Jesus, mas não suas vidas por completo. O resultado disso é que as engrenagens não trabalham livremente, de maneira bem lubrificada, criando o menor atrito possível. Costumo dizer que nossos corações tem várias portas, vários quartos, onde guardamos tudo. São quartos que precisam estar com as portas abertas para Jesus, pois Ele só entrará se deixarmos, Ele não vai forçar a fechadura ou arrombar as portas que não desejamos que sejam abertas, pois Ele mesmo diz, em Apocalipse “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei, jantarei com ele e ele comigo”.
Nossas bicicletas espirituais são mais ou menos assim: muitas coisas funcionam perfeitamente bem. A buzina, o guidão, o freio, a mola do banco, a pintura é linda, os cromados chamam a atenção de todos, mas muitas vezes existe areia na graxa da corrente ou da catraca. O pior de tudo é que existe crente que não se importa mais com o estalar da areia. Eles já conseguem pedalar em suas vidas tranquilamente, pois o desconforto dos estalos na engrenagem não lhes incomoda mais. Uma sonegação de impostos aqui, uma sentadinha na roda dos escarnecedores ali, uma fofoquinha crônica acolá, uma enganada no sócio da empresa mais à frente, um adulteriozinho mais tarde....tudo muito normal para alguns, pois “todo mundo faz”.
Temos que nos conscientizar que o único pó que Deus quer nas correntes de nossas vidas é o SAL do evangelho, para penetrar em nossas catracas e se misturar com o Espírito Santo que habita em nós. Essa mistura sim, é benéfica para nossas engrenagens. A Bíblia nos diz, em Eclesiastes, que o homem que passa sua vida toda sobre a terra e não se enche do bem, um aborto seria melhor do que ele. Palavras duras, escritas para corações duros, para vidas desregradas, para aqueles que brincam de ser crentes. Quem anda ou já andou de bicicleta sabe que não existe nada melhor do que pedalar suavemente, ouvindo apenas o som da borracha dos pneus no asfalto. Assim deve ser nossa vida cristã. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.


Claudio Brito 17.10.2007